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RESENHAS

Resenha – “A adolescência”

Autor: Contardo Calligaris
Publifolha – (Folha explica), ISBN: 85-7402-215-2, 81p, 2000

Návia T. Pattussi
Psicanalista
naviapattussi@gmail.com

Calligaris consegue com esse livro sucintamente proporcionar uma impressionante visão sobre aspectos históricos, culturais e psicológicos da adolescência, de uma forma extremamente acessível ao público leigo. Apesar de ser uma obra que se quer breve, é rica na consistência das abordagens e hipóteses que levanta, oferecendo ao leitor, especialmente aos profissionais da área psi, questionamentos profundos sobre este fenômeno na atualidade.

O autor coloca a adolescência como invenção dos adultos, ou seja, uma invenção social, e discorre sobre como e por que esse fenômeno passou a fazer parte da cultura ocidental a partir da metade do século passado.

A adolescência como uma moratória necessária à preparação do sujeito para o ingresso no mundo dos adultos é uma idéia que perpassa toda a obra, salientando a contradição embutida neste impasse: se a moratória é uma forma de retardar o ingresso do adolescente no mundo dos adultos, mantendo-os dependentes, ao mesmo tempo se quer deles que sejam independentes e autônomos, paradigmas da cultura ocidental. Naturalmente isso tudo é fonte de inseguranças e conflitos, exacerbados ainda mais pelo ideal adulto de que eles sejam felizes. Como ser feliz tendo um corpo pronto para o sexo, inteligência e informações que lhe capacitariam à inclusão no universo do trabalho, se este ingresso no mundo dos adultos lhe é negado? Uma forma de se fazer valer é realizando seus desejos de uma forma marginal ou colocando-se numa posição de rebeldia.

Na busca de um lugar de reconhecimento, concentram-se em grupos com ideais comuns, quer seja através das roupas que vestem, drogas que consomem ou atos delinqüentes que exercitam. Seus comportamentos representam uma projeção e realização dos ideais recalcados dos adultos, que admiram e se realizam através dos adolescentes, ao mesmo tempo também em que se horrorizam com a crueza da possibilidade de realização dos seus desejos através de seus atos.

Calligaris coloca que reagindo ao tutelamento dos adultos e rebelando-se contra o que aparentemente se espera deles, acabam realizando os ideais culturais de liberdade e autonomia e em função disso são tão imitados pelos adultos.

Porém, as contradições das quais eles são alvo se refletem nas idiossincrasias de seus próprios “atos”, formas peculiares de manifestação da subjetividade adolescente por falta de terem voz, no sentido de serem pouco ouvidos numa sociedade que não os reconhece como adultos e tampouco como crianças. Se é difícil para o adulto inventar o seu lugar, numa sociedade que não proporciona as garantias da sociedade tradicional, onde cada um nascia com um lugar social marcado pelo nome, a linhagem, imaginamos como fica essa questão para a subjetividade do adolescente.

A construção social de um lugar no mundo dos adultos pode suscitar questões sobre o que fazer para ser considerado um adulto, interrogação esta que embute respostas confusas e contraditórias por parte dos adultos. Em suma, a adolescência é temida, admirada, evitada e ao mesmo tempo um padrão de identificação para os adultos na contemporaneidade. Essas são as hipóteses de Calligari.

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